jueves, 26 de julio de 2012

Brasil contrata Exército dos EUA para planejar hidrovia no São Francisco


Codevasf pagará R$ 7,8 milhões por projetos para navegabilidade do rio.
Exército brasileiro diz não ver risco para a segurança nacional.




Engenheiros do Exército dos EUA (sem uniforme)
visitam área do São Francisco com militares do
Exército do Brasil (Foto: Codevasf/Divulgação)A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), órgão do governo federal subordinado ao Ministério da Integração, contratou o Corpo de Engenharia do Exército dos Estados Unidos (Usace) para estudar alternativas que tornem navegável o Rio São Francisco, um dos mais importantes cursos d´água do país e da América Latina.

O contrato, de R$ 7,8 milhões (US$ 3,84 milhões), foi assinado em dezembro do ano passado e, em março deste ano, os primeiros engenheiros do Exército norte-americano chegaram ao Brasil com a missão de desenvolver projetos que contenham a erosão nas margens e facilitem a construção de uma hidrovia no São Francisco.

Na semana passada, o comandante do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, brigadeiro Douglas Fraser (que responde diretamente ao secretário de Defesa e ao presidente Barack Obama), esteve em Brasília para saber como anda o trabalho.

“O contrato tem o prazo de três anos, em que os engenheiros do Usace devem nos apresentar 12 projetos de assessoria técnica para a navegação do rio. São estudos sobre dragagem, controle de erosão e estabilização das margens, geotecnia, dentre outros”, disse ao G1 o gerente de concessões e projetos especiais da Codevasf, Roberto Strazer.

Segundo ele, a parceria teve início após troca de e-mails entre funcionários da Codevasf e o Usace para aproveitar o conhecimento da engenharia militar dos EUA no Rio São Francisco.

“Eles possuem em um conhecimento incrível em navegação que queríamos usar. São técnicos e temos muito a ganhar com a parceria. A navegação do São Francisco é extremamente precária e subutilizada, principalmente na época de estiagem”, acrescentou Strazer.

O corpo de engenheiros militar dos EUA foi criado em 1882 para atuação em desastres, como enchentes, terremotos e furacões, e reconstrução, apoiando as ações militares no Iraque e Afeganistão. O Usace é responsável pela navegação dos rios Mississipi e Ohio e também por parte do controle do transporte marítimo interno nos EUA. Todos os chefes do órgão são militares, com a patente de general, do Exército americano.



Engenheiros do Exército americano fazem medições
no rio São Francisco (Foto: Codevasf/Divulgação)

“É preciso que se explore mais a navegação do São Francisco. Além de ter o menor custo por tonelada, o transporte através dos rios tem menor impacto no meio ambiente”, afirmou Strazer.

A Codevasf aponta que há grande potencial de navegabilidade em uma faixa de de 1.371 km, entre Pirapora (MG) até Juazeiro (BA)/Petrolina (PE), que é ainda inexplorado.

Estabilização de margens
Dois engenheiros civis do Usace ficam permanentemente no Brasil fazendo os estudos e avaliações nas margens dos rios e trabalhando, de forma coordenada, com um grupo de militares e civis do Exército norte-americano em Washington.

“Um dos projetos que eles desenvolvem é validar conhecimentos de navegação e estabilização de margens em um campo de provas que temos em Barras, na Bahia”, disse Strazer. A ideia é tornar todo o rio navegável a partir de pequenos trechos ao longo do seu curso.

Em Brasília, no último dia 10, o presidente da Codevasf, Elmo Vaz, apresentou ao comandante do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA - responsável por todas as ações militares norte-americanas na América Latina - o andamento dos trabalhos. Só para cumprir a meta de tornar os primeiros 657 km do Velho Chico navegáveis, servindo de via de escoamento da produção, serão investidos até o final de 2012 mais de R$ 73 milhões.
Comandante do Comando Militar Sul dos EUA, respon-
sável pelas operações americanas na América Latina,
recebe informações sobre o projeto
(Foto: Codevasf/Divulgação)

O Rio São Francisco atravessa os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e serve de divisa natural entre Sergipe e Alagoas até desaguar no Oceano Atlântico.

Um projeto do Ministério da Integração busca transpor parte das águas do rio para aproveitá-lo também para irrigação no Ceará e Rio Grande do Norte, servindo de eixo de ligação do Sudeste e do Centro-Oeste com o Nordeste do país.

Segurança nacional
O gerente de projetos da Codevasf disse não ver riscos à segurança nacional em trabalhar com o Exército norte-americano. “Essa preocupação foi levantada na fase inicial do contrato. Eu já o recebi fechado, no início deste ano. Não vejo riscos, pois as informações que eles estão tendo acesso no local não são nada que se possa ocultar por imagens de satélite”, afirmou Roberto Strazer.

Ele acrescentou ainda que o Exército brasileiro também está trabalhando no rio com projetos de navegabilidade e está em contato com os miltiares americanos. “Há engenheiros do Exército brasileiro em um projeto de estabilização das margens de Ilha da Tapera, na Bahia, que estão em contato com os americanos também. Há interesses nacionais envolvidos, mas buscamos intercâmbio técnico."

O Exército informou, por meio da assessoria de imprensa, que visitou a sede do Usace, nos EUA, e que engenheiros militares brasileiros estão próximos à área onde os americanos estão trabalhando no São Francisco. O Exército também disse que não vê riscos na parceria em relação ao vazamento de dados relativos à segurança nacional.

O chefe da missão do Usace no Brasil, Calvin Creech, confirmou que atualmente trabalham no país dois engenheiros civis do órgão, especializados em hidráulica e geotecnologia. "O Usace está apoiando a Codevasf. Esse trabalho é importante para os Estados Unidos porque melhorar a navegação do Rio São Francisco trará benefícios sociais para a região, reduzindo os custos associados com o transporte de produtos agrícolas", disse Creech ao G1.

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/07/brasil-contrata-exercito-dos-eua-para-planejar-hidrovia-no-sao-francisco.html

jueves, 19 de julio de 2012

Mapa de la Violencia presenta aumento de homicidios contra niños y adolescentes en el país



La tasa de homicidios entre niños y adolescentes en Brasil entre 1980 y 2010 aumentó 346%. Esto es señalado por el nuevo Mapa de la Violencia 2012 - Niños y Adolescentes de Brasil, presentado este miércoles (18). El alto índice de asesinatos de niñas y niños, posicionó al país en el 4° lugar en una lista de países con las mayores tasas de homicidio entre los niños y adolescentes.

Según la investigación, durante las tres décadas analizadas más de 175 mil niños y niñas de cero a 19 años de edad, perdieron sus vidas por la violencia. Sólo en 2010, 8.686 niños/as fueron asesinados/as en el país.

El estudio llama la atención sobre el hecho de que, en estos 30 años, mientras las tasas de mortalidad de niños y adolescentes por causas naturales disminuyeron, las muertes por factores externos aumentaron. Entre estos factores destacan homicidios, accidentes de tránsito y otros accidentes. Según el informe, en 2010, estas tres causas representaron más de 90% del total de defunciones de niños y adolescentes por causas externas, correspondiendo a los homicidios el primer lugar (43.3% de las muertes), seguido por accidentes de tránsito (19,7%) y otros accidentes (19,7%).

Lo que llama más la atención es el crecimiento en el número de asesinatos. En 2010, 8.686 niños y niñas fueron muertos/as en el país, lo que representa una tasa de 13,8 homicidios por cada 100 mil niños y adolescentes. Diez años antes, la tasa fue de 11,9 por cada 100 mil.

"Entre los 99 países con datos recientes en las bases estadísticas de la Organización Mundial de la Salud, Brasil, con su tasa de 13,0 homicidios por cada 100 mil niños y adolescentes, ocupa la cuarta posición internacional, sólo superada por El Salvador, Venezuela y Trinidad y Tobago", destaca.

El documento también muestra la diferencia de tasas por unidades de la Federación [estados] y los municipios. Según la publicación, mientras que Estados como Piauí y Sao Paulo tienen tasas de homicidio de 3.6 y 5.4 por cada 100 mil, respectivamente; en Alagoas y Espírito Santo, estas tasas alcanzan a 34,8 y 33,8 por 100 mil habitantes.

Movilizaciones

Preocupadas por el elevado número de homicidios en Espírito Santo, organizaciones sociales y juveniles promueven la Campaña Estadual Contra la Violencia y el Exterminio de Jóvenes. La idea es llamar la atención de la sociedad y representantes del Gobierno sobre las altas tasas de violencia contra los jóvenes en el estado.

Miembros de la Campaña, convocaron, para este jueves (19), un acto público en el Centro de la capital de Espirito Santo para alertar a la población sobre la realidad que enfrentan los jóvenes en el estado. La programación contempla presentaciones culturales, lanzamiento de la cartilla sobre la campaña y lanzamiento del Pacto en Defensa de la Vida de la Juventud, documento que se presentará a candidatos/as que compiten en las elecciones municipales este año.

Violencia policial

La violencia contra los/as jóvenes fue también objeto de debate la noche de ayer (18), en São Paulo (SP). El encuentro, auspiciada por el Fórum Hip Hop municipal de São Paulo, destacó la violencia policial contra la juventud negra en el estado.

La actividad reunió a los movimientos sociales, organizaciones de derechos humanos, Pastoral Carcelaria, Defensoría Público, entre otras entidades, para discutir el problema de la violencia policial en el estado y buscar estrategias para denunciar esta situación. En el encuentro, los/as participantes acordaron crear una comisión para celebrar una audiencia pública sobre el tema y promover una campaña contra la violencia promovida por agentes del Estado.

Con informaciones de agencias.

Traducción: ricazuga51@yahho.com

http://www.adital.com.br/jovem/noticia.asp?boletim=1&lang=ES&cod=68939

viernes, 13 de julio de 2012

SOBRE AS AÇÕES ANTIDEMOCRÁTICAS DO GOVERNO DILMA


O PASSADO DURA MUITO TEMPO: NOTAS SOBRE AS AÇÕES ANTIDEMOCRÁTICAS DO GOVERNO DILMA NA GREVE NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS

Roberto Leher (UFRJ)
A postura do governo Dilma frente à greve nacional dos docentes e, mais recentemente, dos técnicos e administrativos das IFES, não pode ser compreendida como uma mera contenda trabalhista. Se a greve é tão ampla, abrangendo 58 das 59 universidades federais, e foi capaz de lograr grande adesão interna, é porque conta com a adesão esclarecida de sua base. As vozes dos professores, animadoramente polissêmicas, convergem, de distintos modos, para a necessidade de um outro horizonte de futuro para a universidade pública, abrangendo a carreira, as condições de trabalho e o padrão remuneratório como fundamentos materiais da autonomia didático-cientifica das universidades.
De fato, o reclamo da falta de autonomia na definição dos cursos é geral, situação particularmente tensa nos novos campiem que cursos minimalistas, fast delivery diploma[i], nos moldes do bacharelado/licenciatura interdisciplinar, proliferam provocando insatisfação entre os docentes e estudantes. O mesmo sentimento de indignação frente à perda de autonomia está presente na pós-graduação, hiperintensificada e submetida, e ao heterônomo controle produtivista da CAPES que, cada vez mais, inviabiliza a produção rigorosa e sistemática de conhecimento e a formação verdadeiramente universitária de mestres e doutores.
A greve possui pauta precisa e objetiva: carreira, malha salarial e condições de trabalho (mais concursos e recursos para as instituições) e é luminosa: insere na agenda educacional a necessidade de crítica a esse modelo de expansão da educação superior, muito fortemente inspirado nos community colleges e no processo de Bolonha e não muito diferente da expansão na Argentina no triste período menemista.
Os “espíritos do passado” seguem oprimindo o presente
A semelhança das políticas educacionais dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff com as de Cardoso não decorre da mera cópia, mas, antes, da força das frações burguesas dominantes no bloco de poder que vem sendo consolidado desde a  primeira eleição de Cardoso e que conhece seu esplendor nos governos Lula da Silva e Dilma. Tais frações burguesas dominantes – e agora hegemônicas no bloco de poder – abandonaram qualquer traço de projeto de nação autopropelido e, por isso, consideram que a universidade funcional ao modelo não pode possuir real autonomia. Esse é o impasse de fundo da greve e que leva o governo Dilma a agir de modo semelhante ao de Cardoso.
Examinando o movimento de constituição do bloco de poder gerenciado pelos governos Lula e Dilma não surpreendente que o ex-ministro da educação Fernando Haddad tenha sido alçado a condição de candidato de Lula da Silva à prefeitura de São Paulo. Tampouco poderia surpreender o apoio de Paulo Salim Maluf ao candidato, um gesto político certamente justo. Afinal, o seu partido, herdeiro da antiga ARENA, é base do governo.
Injustiça mesmo seria o não apoio de Paulo Renato de Souza à Haddad, se vivo fosse. Afinal, o pretendente a prefeito lhe prestou sistemática homenagem ao seguir com maestria as principais diretrizes do octanato de Paulo Renato no MEC: apoiou decididamente o setor educacional privado-mercantil, oferecendo subsídios públicos que nem mesmo seu mentor educacional ousou realizar – como as isenções tributárias ao setor mercantil, por meio do PROUNI e como os imensos subsídios públicos do FIES –, despencando a taxa de juros para o comprador da mercadoria educacional, o que obviamente exige crescentes subsídios públicos para custear a diferença entre os juros referenciados na taxa SELIC e os praticados no programa.
O resultado dessas políticas foi a redução da participação das matrículas das universidades federais. Embora ampliadas em termos absolutos ao longo da década, inclusive com os referidos cursos fast delivery e com os inacreditáveis cursos de graduação a distância constrangedoramente precários, a taxa de expansão das matrículas federais foi em menor proporção do que a das privadas turbinadas pelo PROUNI e pelo FIES, passando de magros 16,6% das matrículas totais em 2001 para 14,7% em 2010[ii], em benefício das grandes corporações e fundos de investimentos que controlam os principais grupos privados.
Mas a injustiça seria incomensurável não apenas pelo que Haddad fez em prol do privado-mercantil. Afinal, a ação geral do governo Dilma na atual greve das Federais segue o modus operandi cunhado pela dupla Fernando Henrique Cardoso-Paulo Renato e que, nos anos 1990 e no início da década de 2000, gerou pesadas críticas dos petistas aos tucanos. A reiteração dos atos dos tucanos como justos e corretos não pode deixar de ser compreendida como um tardio, mas honesto, desagravo aos “injustiçados” tucanos.
De fato, por ocasião da grande greve dos professores das universidades federais de 2001, a dupla se recusou a negociar com os professores, postergando as audiências, como se fosse algo indiferente para eles o fato de que mais de 500 mil estudantes e o conjunto das universidades federais tivessem de manter 108 dias de greve para lograrem negociações efetivas[iii]. Após dois meses de greve, Cardoso  e Souza perceberam que os docentes lutariam por sua dignidade e em prol da defesa da universidade pública, empreendendo uma cruzada repressiva de grande monta: elaboraram um decreto para coibir as greves, cortaram os salários dos professores e bloquearam o repasse de recursos do MEC para as IFES, retirando o alimento da mesa dos professores, forçando-os a regressar ao trabalho derrotados, “de joelhos”, no dizer da Liminar contra o bloqueio do pagamento elaborada pelo ministro Marco Aurélio Mello do STF[iv], e de cabeça baixa. Seria uma grande falta de rigor histórico ignorar que, em 2001, grande parte dos parlamentares do PT ficou ao lado dos professores, promovendo denúncias e ações que viabilizassem as negociações.
Contudo, o terreno político se move sem perder os nexos com a base econômica. As frações das classes dominantes que dirigem o bloco de poder sempre pesam nas decisões. A aliança das forças políticas que outrora estiveram nas trincheiras da oposição a Cardoso com o grande capital flexibilizou os seus posicionamentos ético-políticos em todos os domínios, conformando um processo que Gramsci denominou de transformismo. Por isso, quando onze anos mais tarde, em 17 de maio de 2012, os professores deflagraram a já mencionada robusta greve – insatisfeitos com o estilhaçamento de sua carreira, com o arrocho salarial que coloca os docentes no rodapé da remuneração dos servidores públicos federais e com a inaudita intensificação do trabalho imposta por uma expansão sem planejamento, recursos e concursos compatíveis com a expansão dos campi, das matrículas, dos cursos e da pós-graduação – o governo Dilma, com o silêncio obsequioso de Aloísio Mercadante,  empreende medidas postergatórias e, como a greve se estende no tempo por sua única responsabilidade, promove medidas repressivas para derrotar os professores e técnicos e administrativos.
Com efeito, o atual governo reproduz os mesmos atos da dupla tucana (2001) na atual greve das IFES: desmarcou todas as audiências que poderiam abrir o processo de negociação e mesmo após 53 dias de greve, finge ignorar que 58 das 59 universidades estão em greve, afetando um milhão de estudantes, bem como pesquisas e atividades de extensão. A força do movimento grevista, entretanto, logrou romper o silêncio cúmplice dos grandes meios de comunicação e não foram poucas as vozes de importantes setores que se solidarizaram com a greve. Surgiu, assim, a oportunidade de repetir a história (como farsa). Faltava a medida repressiva, a mesma de Cardoso e Souza: retirar o alimento dos professores, esperando, assim, a volta ao trabalho derrotados, humilhados e cabisbaixos e sem reclamar mais dos seus magros vencimentos até 2015. E mais: que ficariam silenciados diante da refuncionalização da universidade pública federal como “escolões” que ministram aguadas pinceladas de conhecimentos aos futuros trabalhadores, possibilitando manter os fundamentos do capitalismo dependente, entre os quais a hiperexploração do trabalho.
A presidenta Dilma poderia ter examinado melhor as consequências advindas da aplicação da instrução do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG 552047, de 06/07/2012) impondo o corte de salário dos grevistas. Trata-se de uma medida inconstitucional, pois desrespeita o preceito da autonomia universitária. Conforme a memorável liminar obtida pelo Andes-SN, por ocasião do bloqueio do repasse dos salários pelo MEC na greve de 2001, o ministro Marco Aurélio de Souza, do STF, expôs, de modo raramente visto em manifestações do judiciário, que as universidades estão abrigadas institucionalmente pela Constituição Federal e, mais especificamente, pelo Art.207 da Carta. Na interpretação do ministro do STF, nenhuma instância externa a universidade pode determinar o corte de salários, a não ser o colegiado superior das instituições[v].
É possível avançar na prática da autonomia universitária
As universidades estão diante de uma oportunidade ímpar para alargar os estreitos limites da autonomia. Os colegiados superiores das universidades que, apesar da Carta de 1988, não lograram condições políticas para afirmar a autonomia constitucional podem aproveitar o ato de inaudita violência contra a autonomia universitária para se pronunciarem de modo corajoso e ousado em defesa da auto aplicabilidade do dispositivo constitucional. Não basta, portanto, impedir a efetivação do corte salarial, mas, antes, de empreender enérgica campanha nacional contra o ato ofensivo à autonomia e em defesa do Artigo 207 da Constituição.
No momento em que a dupla FHC-Paulo Renato desferiram suas violentas ações contra a universidade e seus professores, os docentes agiram com dignidade, coragem e compromisso com a universidade e sua autonomia, fortalecendo a greve. Não resta dúvida de que o mesmo acontecerá na atual greve: certamente, a adesão será ainda maior, como ocorreu em 2001, pois os professores não se calarão diante de tal ofensiva. Caso o governo Dilma tente repetir o gesto de Cardoso, bloqueando os recursos do MEC, os acontecimentos de 2001 sugerem cuidado. Após perder as ações judiciais no STJ e no STF, com as quais o governo Cardoso queria dar legalidade ao seu ato de violência, somente restou a Paulo Renato de Souza – que ainda pretendia postergar o cumprimento das decisões judiciais determinando o imediato repasse de recursos para o pagamento dos docentes – solicitar um habeas corpus preventivo para não terminar na prisão.
Diante dos tristes e preocupantes atos de recrudescimento da violência contra a universidade que equiparam a presidenta Dilma e seu ministro da educação a personagens com a mesma estatura política de seus antecessores, os setores democráticos não podem se omitir: exigem, de imediato, a abertura de negociações com os professores e técnicos e administrativos em greve nas universidades e na educação básica federal e que o governo não persevere na trilha obscurantista de coerções contra as instituições de ensino federais brasileiras. Certamente, não haverá mudança de rumo na grande política do governo Dilma, mas a greve nacional das universidades pode convencer os setores mais esclarecidos de seu governo a admitir que o Estado não pode sufocar todas as instituições da República. A autonomia universitária sempre possibilitou melhor retorno social ao povo e, por isso, no lugar de olhar exclusivamente para a banca, o governo poderia escutar as universidades brasileiras e admitir que as contradições são fecundas para a democracia.
Rio de Janeiro, 9 de julho de 2012


[i] Roberto Leher, 'Fast delivery' diploma: a feição da contrarreforma da educação superior, Carta Maior,http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3504

[ii] . BRASIL, MEC, INEP, Censo da Educação Superior de 2010, DF, INEP, out. 2011.
[iii] . A greve teve conquistas importantes, como a manutenção do RJU para os novos docentes, a abertura de concursos e um reajuste linear para toda categoria, inclusive aposentados, de cerca de 13%.
[iv] . STF (MS no7.971-DF)
[v] . “A falta de repasse de verbas às universidades resulta na realização da justiça com as próprias mãos, na formalização de ato omissivo conflitante com a autonomia administrativa e de gestão financeira prevista no artigo 207 da Constituição Federal, havendo-se o Ministério da Educação no mister de gerenciar as folhas de pagamento pessoal. Por isso mesmo, a suspensão de ato judicial que garantiu tal repasse não pode ser tida como enquadrável na ordem jurídica em vigor, de vez que antecipa definição que não está sequer submetida, em ação própria, ao Judiciário. Assim, descabe potencializar o fato de o direito de greve, assegurado constitucionalmente aos servidores, não se encontrar regulado, mesmo que passados mais de dez anos da promulgação da Carta de 1988. Vale frisar que, enquanto isso não acontece, tem-se não o afastamento, em si, do direito, mas a ausência de balizas que possam, de alguma forma, moldá-lo. O que cumpre pesar é a inexistência de um dos pressupostos à suspensão da liminar – ameaça de grave lesão à ordem pública e administrativa. Aliás, sob esse aspecto, o risco maior, levando-se em conta a busca do entendimento e a autonomia universitária, está, justamente na supressão do repasse de verba às universidades” (Marco Aurélio Mello, STF/ MS no7.971-DF).

jueves, 5 de julio de 2012

Fracaso de la Asamblea Río+20


Frei Betto*
03-07-2012

La Conferencia de la ONU para el Desarrollo Sustentable terminó en fracaso. Se gastaron US$ 150 millones para promoverla. Dinero desperdiciado. Hubiera sido mejor utilizarlo para preservar los bosques.

El documento final, aprobado por 193 países, es mediocre. Como ningún país, sobre todo los más ricos, quería comprometerse con medidas a corto plazo, el texto sufrió tantos recortes, para no desagradar a ninguno, que desagradó incluso al mismo secretario general de la ONU, Ban Ki-moon. Aunque al día siguiente, presionado por el Brasil, cambió de parecer. Desdijo lo que había dicho y defendió el documento, en el que no se recogieron las sugerencias de la sociedad civil.

No se decidió nada en concreto. Todos los compromisos sobre la sustentabilidad quedaron para más adelante… Se acordó que el año que viene serán definidos los Objetivos del Desarrollo Sustentable. En el 2014 se determinará de dónde sacar los recursos para financiarlos, y a partir del 2015 deberán ser implementados.

El acontecimiento es equiparable a la crónica de una muerte anunciada. Los dirigentes de los países ricos se la jugaron sucio a la Rio+20. Obama no llegó. Y aun tuvo el descaro de enviar a su secretaria de Estado, Hillary Clinton, el último día, cuando ya todo estaba debatido y aprobado. En un discurso inocuo ella anunció que los EE.UU. destinarán US$ 20 millones para la protección ambiental de los países de África. Una limosna, pues, sobre todo considerando que los EE.UU. figuran, junto a China, como principal acusado por la degradación de la naturaleza.

Lo que Rio+92 representó de avance, la Rio+20 lo representa de retroceso. En 1992 fueron aprobadas la Carta de la Tierra, la Agenda 21 y tres importantes convicciones: biodiversidad, desertificación y cambios climáticos. A partir de entonces muchos países crearon ministerios del medio ambiente.

El entusiasmo duró diez años. En el 2002, en la Conferencia de Johannesburgo, los gobiernos se negaron a rendir cuentas de cuanto habían acordado en Rio. Ya habían constatado que no hay compatibilidad entre preservación ambiental y modelo de desarrollo -depredador y excluyente- centrado en la acumulación privada del capital. Tuvimos, pues, diez años (2002-2012) de conversación confiada.

La Rio+20 propuso a los gobiernos, vía G-77 (grupo de los países menos desarrollados), crear un fondo de US$ 30 mil millones para financiar iniciativas de sustentabilidad en sus países, pero la propuesta no fue aprobada. Nadie hurgó en su bolsillo. Eso una semana después de que el G-20 destinara, en México, US$ 456 mil millones para tratar de sanear la crisis en la zona del euro.

No falta el dinero para salvar bancos. Pero para salvar a la humanidad y la naturaleza ni un real. Los dueños del mundo y del dinero viven en la ilusión de que la nave espacial llamada Planeta Tierra posee, como los vuelos internacionales, primera clase y clase ejecutiva.

El hecho es que los gobiernos, salvo raras excepciones, no están interesados en invertir en la sustentabilidad. Eso depende de un esfuerzo a mediano y a largo plazos. Y los gobiernos buscan resultados propagandísticos de cara a sus próximas elecciones.

La sustentabilidad es como el saneamiento. Según el Ministerio de las Ciudades, el 57 % de la población brasileña no tiene servicio de aguas negras. Así como los tubos pasan por debajo del suelo, nuestros políticos dan la espalda, interesados sólo por lo que trae visibilidad.

Los gobiernos quieren desarrollo entendido como multiplicación del capital. Nada de proteger la biodiversidad. Fingen no darse cuenta de que los cambios climáticos son originados por la degradación de la biodiversidad.
En Rio+20 venció la voracidad del capital. Hoy día casi siete mil millones de personas sobreviven consumiendo un planeta y medio. Dentro de poco llegaremos a dos planetas. Como los recursos naturales son limitados, las generaciones futuras corren el serio peligro de padecer la carencia de bienes esenciales, como agua y alimentos.

La lluvia que cayó sobre Rio de Janeiro durante la reunión era como lágrimas de Gaya que, con seguridad, tenía esperanza de que la Rio+20 la librase del estupro que sufre a manos de quien busca solamente aprovecharse de ella, siendo indiferente a los derechos de las generaciones futuras.

Pero valió la pena haber estado presente en la Cumbre de los Pueblos, viendo a los pueblos indígenas mezclarse con ambientalistas, jóvenes y niños, para preservar al menos la esperanza de que vale la pena luchar por otro mundo posible y sustentable.

[Frei Betto es escritor, autor de "La obra del Artista. Una visión holística del Universo”, entre otras obras. www.freibetto.org/ - twitter:@freibetto.
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Traducción de J.L.Burguet].
* Escritor y asesor de movimentos sociais
Fuente: www.adital.com.br/ -

Campaña Nacional de Firmas por el NO a la Minería Química a Cielo Abierto
y la Minería Nuclear en todas sus formas


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